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Entrevista de Nando Cuca



Entrevista realizada por Mélanie

Nós entrevistamos Nando Cuca!

Visite o blog: Cuca Brazuca.


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Olá Nando Cuca, conte para nós...


Antes de tudo, parabéns por promover e divulgar a verdadeira cozinha brasileira no exterior! Como você teve ideia de criar o blog “CucaBrazuca” e como se deu o desenvolvimento dele? Cuca já era um apelido seu ou surgiu com o blog?


Eu tenho uma companhia de Web Design e nós trabalhávamos muito para canais de TV. Em 2007, quando eu comecei o CucaBrazuca, YouTube ainda tava na sua infância, mas eu queria mostrar para os nossos clientes que a minha companhia sabia filmar, editar e publicar vídeos. Como ninguém mais na companhia queria aparecer na frente da câmera, eu resolvi ser o apresentador. e a única coisa de qual eu posso falar com um pouco de autoridade é comida brasileira. Daí saiu o Cuca Brazuca. Meu apelido sempre foi Nando mas algumas pessoas me chamavam de 'Mestre Cuca'. Em algum ponto os dois se misturaram.

De forma geral, como você aborda cada tema em seu blog, como escolhe as receitas que serão filmadas? Dentro da culinária brasileira, existe um tema/área que te interessa mais?


Eu filmo o que eu sei fazer ou o que eu estou a fim de pesquisar. Tem uma receita de Pudim de Claras no meu livro que levou 5 tentativas pra dar certo e eu quebrei um dente num pedaço de caramelo que ficou muito duro. De vez em quando as pessoas pedem e eu corro atrás de como fazer. Meu sonho é aprender a fazer o croquete de carne cremoso da Casa do Alemão no Rio ou aprender uma receita para fazer algo que se pareça com Catupiry, já que esse não entra na Inglaterra.

Pensando na culinária em geral, brasileira e de outros países, o que vc mais gosta? Existe alguma coisa que você não goste?


Tem poucas culinárias que eu não goste... talvez a alemã... mas eu não explorei o bastante para realmente descartar. Eu como muito comida mediterrânea porque eu adoro homus, azeitonas, queijos salgados, vegetais e carnes grelhadas. Como todo gordo eu adoro uma massa e eu também sou tarado por comida oriental. O que eu realmente não gosto são miudos e miolos. Não sei porque, mas o cheiro em sí já me desanima. Mas coisas gelatinosas eu topo numa boa. Adoro mocotó, jabada, etc.

Os videos tem um toque bem brasileiro, são alegres, coloridos e o fundo musical é sempre um sambinha ou MPB. Este formato foi ideia sua? Você tem algum colaborador ou todo o trabalho é seu mesmo?!


Eu tive ajudantes no começo mas agora eu faço tudo. Não porque eu queira e sim porque o YouTube não repassa quase nada do anúncios que eles vendem. O programa continua sendo algo que eu faço como um hobby. Mas por outro lado me faz descobrir e praticar muita coisa sobre vídeo. E editar é a melhor escola da arte visual. Quem edita bem, filma bem. Você ganha um respeito enorme pelo o que precisa capturar e ao mesmo tempo aprende a relaxar, sabendo que você sempre pode consertar alguns errinhos na edição.

O lado alegre e colorido certamente é um reflexo da minha personalidade. Eu sou muito sociável, adoro conhecer pessoas novas e conversar, contar piada, fazer brincadeiras, etc. E as cores são inevitáveis para quem vem de uma cidade colorida como o Rio de Janeiro.

Você usa o seu lado designer na cozinha também?! Conte nos sobre o seu livro: The food and cooking of Brazil.


Cozinhar é apenas mais uma forma de design. Envolve planejar, resolver problemas e ao mesmo tempo tentar atingir a todos os sentidos. E eu adoro aprender talentos manuais. Eu já aprendi um pouco de malabarismo, escultura, pintura, desenho, crochê, silkscreen, fotografia, video, maquiagem de teatro, cerâmica, tecelagem com palha, dança e canto. Se o resultado envolve aprender a usar as mãos... é comigo mesmo!

O livro veio através de uma amiga do peito. Eles convidaram ela pra fazer mas ela tava super ocupada e também não tinha confiança que saberia escrever as receitas bem. E acima de tudo, como ela disse pra a editor: "Se eu fizer esse livro, eu vou mesmo acabar no telefone perguntando coisas pro Nando o tempo todo!! É melhor passar logo pra ele!". A editora viu o meu material no site e no YouTube e me contratou no mesmo dia.

O proceso do livro foi um pouco frustrante porque a editora é muito focada no mercado inglês e não queriam que eu influenciasse muito o look final. Na minha opinião, algumas coisas saíram meio "Pra inglês ver". Mas como são ingleses que vão ver mesmo, eu deixei passar. Escrever 65 receitas de supetão não é mole. Mesmo que algumas sejam super simples.

Em se tratando de utensílios, aparelhos, equipamentos, ingredientes... O que não pode faltar na cozinha?


A cozinha brasileira têm dois alicerceis: O liquidificador e a Panela de Pressão. Qualquer casa de cozinheiro tem ambos. Mas eu também sou um super geek, logo tenho caminhões de tralha de cozinha. A mais cara talvez seja uma máquina de fazer sorvete com seu próprio refrigerador, da Gagia. E eu também tenho uma daquelas bateteiras bacanas da KitchenAid. A coitadinha tá tão cansada de fazer massa de pão que ela tá com uns parafusos meio soltos e rebola feito uma mulata do Sargenteli. A sempre faço mais que um pão de cada vez, e é um luxo poder botar um pra começar a bater nela enquanto termino de sovar o outro à mão. Meu utensílio essencial é uma faca japonesa genérica que me acompanha em todas as minhas viagens. Detesto facas segas. Meus amigos já cansaram de me ver passeando pela casa ou o jardim deles procurando uma boa pedra pra amolar as facas dele. Alguns amigos mais próximos já até ganhanram pedras de amolar de presente, só pra eu saber que eles tem uma na casa deles.

Dentre suas receitas, você tem uma preferida e que gostaria de indicar para os nossos leitores? O que a torna tão especial para você?


Ok... lá vai o geek de novo. Eu adoro falar sobre pão de queijo, porque é na verdade um 'líquido não-newtonioco'. As leis de Newton dizem que quanto mais energia se aciona a um líquido, mas ralo ele se torna, até evaporar. A mistura do amido e o leite quente faz o contrário. E o quanto mais você sova o pão de queijo mais firme ele fica. E se você não por pra congelar ou assar logo depois de fazer, ele acaba 'derretendo' todo e voltando a forma quase líquida.

Você poderia deixar uma mensagem, dica ou sugestão para os leitores do Receitas sem Fronteiras?


Cozinhar é uma mistura de curiosidade, paciência e perseverança. Faça anotações a medida que cozinha pra lembrar o quanto de que adicionou.. e quando... e como... e se não der certo, faça de novo. Jogue aquele fora e começe de novo. Depois de um certo tempo as técnicas viram parte do seu ser e você poderá cozinhar quase de olhos fechados. Eu sei se o arroz tá cozido só de ver. Sinto o cheiro do pão ou bolo quando tá ficando pronto e consigo determinar quantos minutos faltam pra terminar de refrigerar meus sorvetes só ouvindo a força que a sorveteira tá fazendo. E se a coisa não receita ficou terrível, jogue fora! Não vai fazer que nem eu com o Pudim de Clara e acabar perdendo uma lasca de dente.



Obrigada Nando Cuca por responder nossas perguntas! Até breve
Publicado por Mélanie - 16/09/2013



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